domingo, setembro 09, 2007

Um sonho

Tive um sonho ontem de noite. Dormi só três horas e acordei. Mas sonhei com o Julio - alguns devem conhecer o Julio, e por coincidência amanhã é aniversário dele. Eu não sonhava com ele há anos, provavelmente. Sonhei que estávamos perto da casa dele. Tinham tiros, a gente se abaixava. Sempre tem tiros por ali nos meus sonhos com aquele lugar. Eu me lembro da padaria, me lembro da gente perto do portão e do rosto dele perto do meu, lembro até da sensação da barba mal feita contra o meu rosto, da mão dele no meu pescoço e do beijo desajeitado, até das testas se encostando depois. Não sei porque sonhei que estava beijando o Julio, pareceu bom, e quanto acordei deu saudade. Se houvesse uma trilha sonora pro sonho, seria essa música que eu tô ouvindo, Pioneer to the falls, do Interpol.

Hoje de tarde tive um sonho. Era um lugar vazio, esquisito, um clube desses pra dançar, meio vazio. A música era boa mas não era específica. A Gabi estava lá, o Marcos também estava... um cara começou a distribuir um negócio colorido e pequenininho, um comprimido, ele abriu uma gaveta e tinha centenas cara! Era de graça e tudo mais. Resolvi tomar aquilo, joguei um na boca, a Gabi também... Não sei dizer o que era, tinha gosto de AAS. Meu corpo era leve, e eu queria dançar e dançar e dançar, dançava sem música até, e no fundo eu estava mais sensível, uma espécie de tesão meio puro, porque não existia um alvo, era só um tesão. O Marcos falou pra eu assinar aquilo, que tinha como fazer uma espécie de assinatura: toda terça à noite eu receberia um igual aquele na minha casa, então poderia me sentir daquele jeito toda terça à noite, de graça. Era bom, a perspectiva era boa, a balda estava muito boa, e estava tudo tão engraçado, muito engraçado... lembro de alguém falando algo no meu ouvido...

Corta. Uma escola, pra chegar até ela uma escada enorme. Muito grande, muito alta mesmo! Eu não era matriculada e não podia freqüentar, mas eu menti, disse que era aluna então eu fui à aula. Meu pai me ligou, eu menti sobre onde estava. Não sei porquê. Depois tinha um lugar, umas ruínas. Essas ruínas já apareceram outras vezes... eu não sei explicar o que elas são, mas sempre remetem à escola e aos amigos dos outros tempos.

Sabe a sensação de que nada absolutamente faz sentido? E de que... você não sabe mais porquê? Eu tenho de tempos em tempos. Consigo contornar, preciso contornar pra viver. Mas vai e volta, eu não consigo evitar! Tem horas na semana que eu sinto que tá tudo bem, que é aquilo que é pra ser, mas se páro e penso... falta muito, faltam um monte de coisas.

Eu... na semana que vem eu vou ganhar um prêmio, um Ecosport, sabiam? E vai mudar minha vida. Porquê, vejam: eu trabalho para conseguir fazer o que tenho esperado por toda a vida. Quando ganhar o prêmio, vou vender e vou ter o dinheiro, a merda do dinheiro, pra poder fazer essas coisas que eu quero. Não vou precisar mais trabalhar. Vou largar essa merda de faculdade, essa coisa que tira meu tempo e só sabe me ensinar coisas técnicas que pouco acrescentam, e vou ver o mundo. Não é isso que importa no fim? Saber como as coisas são de verdade?

Eu queria ter presentes pras pessoas. Queria ser boa em saber exatamente o que elas querem e poder dar isso pra elas. Queria que essa fosse minha principal habilidade: saber exatamente do que as pessoas precisam e poder dar isso pra elas! Sem que elas me digam. Em todos os setores: em casa, no trabalho, com os caras e com os amigos. Ah, os amigos.

Eu queria que eu fosse mais transparente, ou queria não ser tão transparente assim? Eu nunca sei... acho que eu queria saber dosar a transparência nas horas certas. Tipo a porcentagem de opacidade das camadas do Photoshop. Como se fosse possível ajustar, diante das situações. Queria saber como agir - quando ser fria fria fria e quanto ser quente. Queria que as coisas não tivessem acontecido como aconteceram, coisas bestas mas que tiveram um peso enorme, enorme. Queria não culpar coisas que aconteceram pelos meur problemas atuais: assim fica fácil não querer resolvê-los.

Queria que meus momentos de felicidade e contentamento absoluto durassem mais que 8 horas por semana. Mas alguns diriam que isso é mais do que suficiente... Queria parar de acreditar em medicina, em ciência, em saúde. Em céu e inferno, queria poder comprar Heroína na farmácia, esquentar a colher e preparar a seringa - seria a melhor hora, preparar a seringa. Eu adoro antecipação - é de antecipação que eu vivo, a ansiedade. Pelo bom e pelo ruim. Todas as antecipações são intensas pra mim. Queria fumar 3 maços de cigarro por dia, queria ler 2 livros por semana e queria que cada um deles me dissesse algo que eu não fosse capaz de descobrir sozinha, queria poder dormir 8 horinhas, todas as noites - e queria que elas fossem frias, as noites, e queria sonhar a noite inteira, inteira, mas me lembrar só das sensações. Eu sempre me lembro bem das sensações dos sonhos - sempre os toques e os cheiros. As cores. É o que me marca nos sonhos. Sempre. Queria poucos números na vida, queria a porra-louquice plena, queria um pouquinho mais de cor, eu sempre acho que falta cor... adoro vermelho. Eu sempre gostei de vermelho sangue, é a melhor de todas as cores...

Tinha um outro lugar, não tinha? Algum outro lugar mais legal, pra eu escolher ir, tinha que ter. Bem diferente de tudo isso, aposto que tinha, eu aposto... deve haver algum motivo pelo qual eu escolhi esse. Deve haver.

Ana Paula Freitas at 7:38 PM


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