quarta-feira, outubro 25, 2006

Daniel Pinchbeck disse que "não queria aquilo que as outras pessoas queriam, mas não sabia como encontrar o que precisava".

Pois é, me identifiquei.

Eu passei a vida inteira, desde que eu percebi a vida e as coisas nela, tentando ser diferente. Não porque eu achava bonitinho mas porque eu sentia que eu.. era diferente? Ou sou diferente, sei lá. Mas ao mesmo tempo, durante todo esse tempo, diferente ou não, eu percebo tentativas inconcientes de ser igual. E aí eu percebo que não é que eu quero ser diferente de ninguém ou igual a ninguém, eu só quero ser aquilo que eu tenho vontade de ser e foda-se. Uma coisa muito legal é quando você realmente aprende que não deve se importar com etiquetas e rótulos e denominações e padrões pré-estabelecidos - não no sentido clichê da coisa, mas no sentido que você pode criar seu próprio estilo em tudo. E daí se eu to com uma saia de hippie e uma bandana do Metallica? Quer dizer, se eu ouço salsa não posso ser fã do Zezé di Camargo? Ou, se eu leio Paulo Coelho, não posso ler Nietzche? Não posso assistir Sabadaço e Provocações? Alguns (eu inclusive, talvez) diriam que uma coisa é oposta da outra, que é impossível as duas coexistirem, mas não é. E quando você compreende isso, o mundo fica uns 2% mais apto à viver nele. É a famosa Metamorfose Ambulante, a minha máxima.

Eu queria ser amiga de todas essas pessoas famosas. Hang around with Axl Rose? Não, sem Axl Rose. Mas acordar e ir, tipo, tomar um café com Russel Crowe e Meg Ryan (Eu sei que eles não tão mais juntos, mas eu também não vou tomar café com eles então e daí?), depois ligar pro Noam Chomsky e chamá-lo pra ir até uma livraria, depois ligar pro (que Deus o tenha) Johnny Cash e faze rum rolê até uma loja de discos. Aí, de noite, falar com o Jude Law e ir beber alguma coisa com ele. Sabem? Consolar a Jennifer Aniston pelas duas decepções amorosas seguidas, ou assistir a uma seção de heroína com Pete Doherty e Kate Moss, depois sugerir algo pras composições do Eddie Vedder, ir a um show de rock com Eddie Argos e da ruma volta na Paulista com Alex Kapranos. Mas se eu fosse amiga deles eu nem ia achar isso tudo tão legal, ia ser natural, então eu prefiro ficar assim.

Em 2012, o mundo como conhecemos vai acabar; eu já li isso em um monte de lugares e, sinceramente, eu acredito. A gente tá meio que indo pro buraco, e todo mundo percebe, mas nem todo mundo tem coragem pra admitir. Eu leio gente dizendo "ah, o mundo não está tão ruim assim" e eu penso "Sim.. está?!, e você não vê". E todos os teóricos e videntes e religiosos que dizem que o mundo como conhecemos acabará em 2012 dizem que as pessoas que conseguirem enxergar essa verdade do mundo irão se salvar - com "essa verdade", quero dizer algo como uma iluminação, uma consciência espiritual de que há algo errado e que algo deve ser feito. Essas pessoas estarão convidadas a reiniciar a construção de um planeta decente.

Sério? Acho que isso é até otimista. Se essa "chance" nos for permitida, estamos até que bem. Eu não acredito que vou viver pra ver e fazer TUDO que eu quero, e não porque eu vou ter problemas de saúde, mas porque o mundo tá perto do fim. E a gente sabe disso..

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Ele parou o carro, girou a chave na ignição e respirou fundo. Agora recostado no banco, procurou no bolso o maço de cigarros e tirou um bastonete. Colocou-o na boca sem acênde-lo e permaneceu lá, olhando pra vitrine do lugar durante o que lhe pareceram horas. Finalmente esticou o braço e alcançou o isqueiro dentro do porta-luvas. Acendeu o cigarro e a tragada foi o estopim para a realização do quão poética era a cena. Um cara de 23 anos, dentro de um carro, em frente a um, digamos, "american bar", àquela hora da noite - com um cigarro na boca e a hesitação estampada na cara. "Hesitação não", foi a primeira coisa que lhe veio na cabeça. Não podia hesitar - decisões como aquela não permitiam hesitação.

Deu outra tragada no cigarro, abriu a porta. Os vidros fechados não lhe haviam permitido perceber o quão frio estava lá fora. Enrolou o cachecol no pescoço e fechou a jaqueta que vestia. O all-star tocou o chão e espirrou água da poça pra todos os lados e ele xingou alto, sem pensar, chamando a atenção dos seguranças. Entrou no lugar e dali pra frente só consegue lembrar de um borrão; a pistola, a gritaria, o estalo e o chjeiro de pólvora (?). E só.

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Quando alguém atira de uma pistola, não sai cheiro de pólvora, porque a pistola, quadrada, quase não permite o vazamento de resíduo do tiro. Eu sabia disso quando escrevi, mas relevem. Se eu não tivesse falado, alguém ia perceber?

Ana Paula Freitas at 2:38 PM


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domingo, outubro 15, 2006

That's all, folks

A vida é curiosa! A primeira "viagem com os amigos da minha vida" deveria motivar posts que falassem como é bom ter amigos ou como é bom passar um feriado no campo, numa cidade pequena e calma, com um sol de 40 graus de dia e um agradável vento à noite.

Mas o post não fala disso.

Ele fala sobre todas as pessoas que em toda a minha vida me decepcionaram. Todos aqueles que se diziam amigos e de um dia pro outro (ou de uma semana pra outra, ou de um mês pro outro) viraram-se de costas pra mim. Que me deixaram com (mais) cara de idiota, que me deixaram com complexo de eu devo ser chata pra caralho mas as pessoas só percebem isso depois de 4 ou 5 meses de convivência. Essas pessoas não imaginam nem de longe o mal que elas me causaram. E talvez, se elas fizessem idéia, não teriam feito o que fizeram.

Esse post também fala de pessoas cujo gosto musical é duvidoso. Depois de alguns anos de vida você aprende a disassociar o que a pessoa é do que ela gosta. Ainda assim, dá pra fazer certas previsões com margem de erro alta (por exemplo, "todos os grandes fãs de charlie brown jr. são idiotas", ou algo assim), só que nunca é verdade absoluta, de maneira que fica muito difícil você dizer que uma pessoa não é muito legal me tornou mais intolerante em relação à esses "gêneros" musicais (não acho o forró tããão ruim assim, talvez ele seja o menos pior dos três).

Mas enfim, consideração final:

Ô MÚSICA RUIM DO CARALHO! AS PESSOAS DEVERIAM SER OBRIGADAS A OUVIR SÓ MÚSICA BOA.

E é só isso, por enquanto.

Ana Paula Freitas at 10:58 PM


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terça-feira, outubro 03, 2006

O post mais interativo de todos os tempos!

Como blogueira, digo por experiência que tem alguns fatores mundanos que estimulam uma postagem - embora a qualidade do texto não dependa muito da inspiração.

Essas coisas podem ser, no meu caso, um livro legal que eu li, ou uma coisa engraçada que me aconteceu, ou uma coisa curiosa ou triste que me aconteceu, ou uma música que eu ouvi, ou uma eleição pra presidente no fim de semana, ou uma modelo que é pega metendo na praia, ou um acidente de avião que mata 155 pessoas, ou uma professora filha da puta de sociologia. Ou uma avalanche de comentários no post anterior, ou o graaande intervalo desde a última postagem. De todos esses fatores, tenho que dizer que o que mais me inspirou a escrever hoje, aqui, agora, foi o último mencionado.

O problema é, são tantas coisas que poderiam - de fato - me encorajar e contribuir na confecção de um belo e agradável texto, e mesmo assim, eu não consigo desenvolver nenhum. Querem ver..?

(Se "sim", continue lendo. Se "não", pule para a figura lá embaixo)

(A idéia é fazer tipo aqueles livros-rpg que dava pra comprar há milianos nas livrarias.. "Aventura-solo" era o nome. Sensacional!)

O livro legal que eu li/to lendo: Diário de um Skinhead. Um jornalista espanhol se infiltra durante um ano no movimento nazi da Espanha. Foda.

(Viram? o que mais)

Uma coisa engraçada que me aconteceu: dêem um desconto porque vocês sabem que eu costumo achar graça em coisas que não tem graça. Mas, deixa eu pensar.. Bom, meu computador quebrou de novo. Chega a ser engraçado, não? Já sei, melhor: fui trocada na maternidade, sabiam? Sério. Pára de rir. Depois eu fui destrocada. Aí eu fico pensando na pessoa que eu teria sido se eu não fosse eu.. deu pra pegar? Onde será que tá essa menina.. Como será que ela é, onde será que ela tá morando? Será que ela é micareteira?

Uma coisa triste que me aconteceu: idem acima (?)

Uma música que eu ouvi: Crazy, do Gnarls Barkley. E a versão com Steady as She Goes (que fica Crazy as She Goes), então? Fantática!

A eleição pra presidente no fim de semana: eu quase apertei 13, acreditam? De qualquer forma, o que importa é que não apertei. E tive que anular meu voto de deputado federal.. tsc tsc.

A modelo que é pega metendo na praia: cada um dá o que é seu, né? Ela errou em não ser, diagmos, discreta, mas só nisso. E a gente tem direito de querer ser voyeur sim. Todo mundo fica curioso pra ver, é normal, não é porquê a gente "não cuida da nossa vida" (Cicarelli disse) ou porque a gente "tem inveja do amor deles" (Contardo Calligaris disse).

O acidente de avião que mata 155 pessoas: triste. :(

A professora filha da puta de sociologia..: fazer o quê, né. Agora é estudar.

Os comentários: obrigada, pessoal. Fico feliz de saber que as pessoas lêem meu blog, sabiam? E arrisco dizer que vocês me conhecem melhor do que muita gente que é "próximo" de mim mas não lê isso aqui. Na verdade meu objetivo principal é fazer amigos. Sou carente etc. Mas acho que muito mais gente lê do que comenta. Pelo menos é o que diz meu medidor. Será que nem ele é sincero comigo?

Considerações finais (coisas que me irritam): gostaria de falar de algumas coisas que me irritam. Eu sou uma pessoa beeem tranquila, mas algumas coisas realmente me irritam. Vou listá-las:

1. Pessoas lendo por cima do meu ombro: me irrita e ponto.
2. Pessoas que fazem questão de me cumprimentarem com um beijinho no rosto, mesmo quando iso é absolutamente dispensável ou quando, por exemplo, eu estou concentradamente imersa em algum afazer: desde a sexta série, quando aquelas crianças idiotas achavam que era bonitinho e adulto cumprimentar com um beijinho no rosto, eu já achava isso idiota. Porra, eu via eles todo dia. Até hoje, eu acho besta. Mas se não faço sou vista como mal-educada, anti-social - o que não é o caso, sinceramente. Mas se tem algo que me irrita é pessoas que não tem "se-tocômetro" pra perceber que tem horas que a gente tá ocupado e que não vai ficar bravo se não nos cumprimentarem. Ao contrário, é um favor.
3. Gente que me pergunta o que eu estou ouvindo: me irrita porquê as chances da pessoa conhecer o que eu to ouvindo são remotas, de maneira que a reação é sempre "aaahhhhhhh.. não conheço", ou "que lixo", ou "aaahhhh.. sei, sei."
4. Gente que se acha: é um saco. Desperta em mim um certo instinto assassino. Juro.
5. Falta de praticidade: porque eu aprendi na faculdade e nos grupos de trabalho que a vida é fácil e sem dúvida somos nós que a complicamos.
6. Gente idiota: do tipo que fala "com propriedade" sobre aquilo que não sabe, ou do tipo que nem falar sabe e não liga pra isso. Me irrita porque.. futilidade me irrita.

Não que eu seja o exemplo mor do engajamento cultural e político, né.



Bom, se você não quis ler meu texto, não acredito que tenha perdido muito. Sério, não é falsa modéstia. Mas tem uma coisa engraçada que você perdeu: quase que eu não sou eu mesma. "Como assim?", você diz. E eu digo pra você voltar e ler porque eu não to afim de explicar de novo.

E, FIM!

Ana Paula Freitas at 1:26 PM


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