sábado, dezembro 09, 2006

Ensaio sobre a inveja (ou "O mundo me cansou")

To tipo cansada do mundo. Não cansada no sentido depressivo-quero-me-matar style, embora esse seja velho conhecido meu (sou emo). Cansada-indignada, cansada-não-aguento-mais-essas-pessoinhas. As pessoas falam de coisas horriveís e detestáveis como se elas fossem absolutamente normais e admitíveis. Inventam coisas que prometem facilitar nossas vidas e perdemos metades dessas vidas na fila da assistência técnica pra consertar essas coisas. Quero deixar bem claro que o que me cansa é o mundo; a vida, essa não me cansa. Ao contrário; quanto mais o tempo passa, mais amor tenho pela vida e pela minha vida, algo que é extremamente estranho a mim. Eu não costuma dar valor a minha vida. Sem brincadeira. Não que eu vivesse perigosamente; mas simplesmente.. eu não me importava. Tipo, fosse o que viesse (viesse o que fosse, viesse o que viesse ou fosse o que fosse), dane-se.

As pessoas metem o pau na inveja. Puta que o pariu. Falemos um pouco dessa merda. Inveja é a porra do sentimento mais abominado do mundo. Ninguém admite ter inveja e ninguém quer que os outros tenham inveja de si. Pergunte pras pessoas qual o pior sentimento do ser humano; alguns dirão pena, mas a maioria pensa que é a inveja. Nos blogs, Orkuts e flogs miguxos da vida, dá pra encontrar fácil fácil em uns 87% deles um "OdEiU: InVeJa, FaLxIdAdi". A Falsidade nem vou comentar pq pra mim ela tem um caráter interpretativo. Teatro mesmo. Não que eu seja a favor dela, naturalmente, e quem me conhece pode me dizer o quão oposta eu sou desse negócio de falsidade (quer dizer, sou absolutamente espontânea). Existe kinda uma moda de achar que tudo é inveja e que todo mundo tem inveja de você. Em quantos lugares vc já leu aquela fatídia (e nojenta) "A sua inveja é meu ibope"??? O negócio é o seguinte. A inveja move o mundo. E, c'mon again - o que é a inveja?

Se a inveja for "desejar ter algo que outra pessoa tem", que é uma definição plausível, creio (concordam?), então fudeu. Porque todo mundo tem inveja. Quer dizer, a gente sempre deseja ter o que os outros tem; é tipo normal, acontece todo o dia, desde o dia em que entendemos o conceito "dinheiro" e o conceito "bens consumíveis", ou seja, todas as coisas. Anyway. Se a inveja for isso, então, ela é boa; porque muitas vezes é o nosso combustível. Ver que alguém conquistou algo que nós não temos e queremos pode e quase sempre serve de estímulo pra lutarmos e conquistarmos também.

Agora.. se a inveja for "desejar ter aquilo que a outra pessoa tem, exatamente aquilo; tirar dela e pegar pra você, OU, se você não pode ter ninguém terá", aí sim que é algo meio do mal. Primeiro porque é uma palavra incrível, quer dizer, IN VE JA pra dizer todas essas coisas ao mesmo tempo. Segundo, porque é muuuuito maligno. Meio de novela, né? Quando eu dizia pra minha mãe "isso é tudo mentira!", me referindo às novelas, ela dizia "é, mas existe isso aí na vida real simmm", e eu nunca acreditei muito. Essas caricaturas, estereótipos sabe? Meio lance da Paris Hilton lá embaixo. Existe gente ruim, mas essa coisa "Malhação", de arquitetar planos pra destruir a vida dos outros? I mean, existe, eu já ouvi falar e tudo mais, mas não é tão frequente quanto nas novelas. Ou é?

Outra coisa nada a ver, mas o blog é meu então c'mon. Eu fico meio deslumbrada, no Natal, com a decorações. Não tem essa de "aii odeio Natal, capitalismo barato, gente triste etc", eu tbm odeio o Natal nesse lance.. Não significa nada pra mim (simbolismo e tal), mesmo; só sei que quando chega o Natal, e aquelas luzinhas enchem a cidade (falo mais especificamente das luzinhas, não dos papais-noéis nem das renas - o que me agradam são as luzinhas), eu sinto no ar. Eu consigo respirar o Natal; sério. Achei que era com todo mundo. Alguém sente assim também? Me lembra coisas da infância e por isso eu consigo respirar o Natal. É tipo um trauma bom; ao contrário do trauma ruim de, por exemplo, nunca ter tido um cachorro. Gatos eu tive aos montes, mas nunca tive cachorro. Talvez por isso eu tenha dificuldade de lidar com criança. Quer dizer, eu adoro crianças, mesmo, mas não sei lidar com elas, porque não consigo ficar falando com aquela vozinha e de um jeitinho bunitchinho axim. Sei lá, sinto vergonha de mim mesma, vergonha pelos outros me vendo falar assim. É tosco. Aí falo com as crianças como se elas fossem quase adultas; mas eu acho legal, de certa forma. Se eu fosse criança, gostaria de ser tratada assim, também.

Hum.. That's all folks (for a while)

Ana Paula Freitas at 4:16 AM


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