quinta-feira, novembro 09, 2006

O mundo e os idiotas (ou: Texto chato pra cacete)

Pessoas idiotas existem e, pasmem - a gente cruza com uma porção delas no dia-a-dia. Algumas realmente me surpreendem. Ontem, indo à palestra dos caras da Globo aqui na Metodista, encontro uma idiota dizendo "Ai, não vou nesta merda, que coisa ridícula! É bem coisa de primeiro semestre, ainda tiram foto com o Kotscho e colocam no Orkut". Não sei nem o que ela tá fazendo no curso. Você, leitor incauto, entenda que eu não sou paga-pau da Globo, nem do Kotscho, nem de merda nenhuma. Nem o inverso. Mas esses caras são grandes nomes da profissão no país. Ouví-los falar nos ensina coisas que a gente não aprende em 4 anos de faculdade.

Já na palestra, outro idiota finge estar roncando diante do brilhante discurso do José Hamilton Ribeiro sobre Zé Bilico, o mineiro que ele escolheu como personagem pra sua grande reportagem no livro. Azar o dele, já que a história do Zé é, sem dúvida, algo que eu faria, assim como fez José Hamilton. Porque é história de gente e eu adoro contar história de gente (de bicho também, mas vocês entenderam).

E não é que eu me ache melhor ou pior por isso. Só acho idiotas as pessoas que não são capazes de aproveitar as grandes oportunidades que lhes são dadas na vida. Só ouvir aqueles caras falando já me acrescentou tanto, mais do que eu aprendi em um ano de Jornalismo. Aquela menina, de quem eu falei no começo - ela nem imagina o quanto ela perdeu. Falando nela, o Geneton, outro cara que deu palestra, falou de pessoas como ela. Que não são mais capazes de se expantar com as coisas da vida. Cara!, eu pirei quando ele falei isso. Quando eu tinha 10 anos eu li O Mundo de Sofia. Eu li que o grande filósofo jamais perde a capacidade de se expantar com o mundo - como a criança, que vê tudo pela primeira vez e se surpreende com todas essas coisas incríveis. E eu, a partir daquele dia, pautei minha vida em cima disso! De olhar o mundo com olhos de criança. E vem esse cara, ontem, e diz que o grande repórter é aqueçe que jamais perde a capacidade de se surpreender com o mundo. Puta merda, como fiquei feliz. Coisa besta né? Mas eu sou meio assim mesmo. Me surpreendo com um monte de coisas. Tudo me causa espanto, de alguma maneira! Eu meio que cresci assim. Com isso na mente, por causa do que o livro me ensinou e, depois, do que a vida me ensinou em cima disso. Lógico que não é isso que vai fazer de mim A REPÓRTER, mas pô, fiquei feliz que o cara disse isso.. ahh, vcs entenderam. :)

Outra coisa que o Geneton disse é que não existe assunto chato - existe jeito chato de contar o assunto. E, de novo, bateu em mim de um jeito diferente. Porque no fundo, meu exercício aqui é esse: tornar meu dia-a-dia chato em textos digeríveis. Não consigo chegar muito longe ainda, ou seja, comemoro quando os textos chegam a ser meramente digeríveis e sonho com os dias em que eles serão "devoráveis" (adoro neologismos). Mas fiquei feliz, novamente, de saber que eu estava exercitando algo que ele mencionou como importante pra profissão. E algo que me dá muuuito prazer: transformar banalidades em texto. :)

Pra fechar (eu acho), vou fazer uma coisa que eu nunca achei que fosse fazer em toda minha vida: agradecer aos leitores. Fico muito realizada (oooohhnnn) de saber que as pessoas lêem isso. Você nem imagina o quanto! Não importa se você comenta ou não - a idéia do comentário seria debater os temas do texto ou discutir a qualidade dele e embora eu não ache o primeiro tão dispensável, o segundo é, então tudo bem. Não faço questão de que todo mundo comente. De vez em quando, um ou outro "anônimo" se revela e eu me lembro que pessoas que eu nem conheço lêem isso às vezes. Muito obrigada, mesmo.

Não fechei, afinal. A parte de cima foi escrita as 18h30 de hoje; essa frase aqui, já é as 00h03 do dia seguinte. Depois da aula e de perceber que eu estava certa sobre os idiotas: na minha sala tem uma porção deles! Sim, porque não tem outra palavra pra designar um cara que escolhe fazer Jornalismo, paga R$ 778,96 por mês e fica conversando EM TODAS AS AULAS DURANTE A AULA INTEIRA. Inclusive durante a aula de Pensamento Contemporâneo - uma das poucas que tenta fazer com que esses idiotas sejam menos idiotas. Mais uns dos que não aproveitam as oportunidades.

E acabou. Chato né? Não "chato ter acabado". "Chato" o texto, mesmo. Eu achei. Beeem fraquinho. Não é falsa modéstia não. Achei mesmo. Até porque, mesmo se fosse bom eu não acharia: passei a tarde inteira lendo a Piauí e depois de ler o How do you do, Dutra, do Antônio Prata, não tem como eu gostar de mais nada que eu lesse, muito menos meu.

Ana Paula Freitas at 6:34 PM


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