segunda-feira, setembro 18, 2006

Darts of pleasure

Dizem que a vida é vivida nas pequenas coisas. E então eu tenho esse fim de semana incrível, e inusitado, e confuso de certa maneira, e paro pra pensar o que vale a pena na vida. Eu sou chata e complicada demais; eu não consigo simplesmente aproveitar as coisas. Eu tenho que pensar sobre elas e criticá-las.

Porque me encanta a maneira como a música une e desune as pessoas.. São 8.000 pessoas cantando ao mesmo tempo, e o cara no palco, ele tem total domínio sobre as oito mil pessoas. E ele sabe disso; ele influencia todo mundo que gosta dele e da música dele. O Eddie sempre dizia pra amar a música e não os músicos e ele estava certinho; mas a gente confunde as coisas. E como a gente ama (e ama!) um cara que a gente nunca conversou? A gente só sabe que a voz dele é incrível, que ele tem trejeitos incríveis, que é simpático e.. engraçado, e tem o sotaque mais estimulante do mundo inteiro. E que toca numa banda que faz músicas bem legais, e que no palco a banda junta põe tudo abaixo. E por isso você confunde as coisas.. Você pensa que gosta do cara, mas você gosta da música dele E daquilo que ele aparenta ser pra você. O que realmente está longe de ser o que ele realmente é.

Uh?

Ok, agora sobre a tietagem. Nunca tinha feito isso, nem com o Pearl Jam. Cara, eu não tenho nada com o Franz Ferdinand. É uma das minhas bandas preferidas, conheço todas as canções E SÓ; não sei cantá-las, não sei as letras e os nomes e até ontem eu só sabia o nome de dois integrantes. Bob Hardy e Paul Thomson pra mim eram "o baixista" e "o guitarrista". Foi a mesma coisa com o Los Hermanos, acho; você assiste um show e a performance ao vivo da banda faz com que você se apaixone e você vicia durante algumas semanas. Depois passa e você volta àquela que é sua primeira banda ever, mas cresce a admiração por um outro grupo. O problema é que quando a admiração cresce, as expectativas crescem, e inevitavelmente você se decepciona - de forma estúpida, é claro, porque apesar de eu pagar o CD deles, eles não devem mais nada (além disso) pra mim.

E aí, você vai até o hotel(!) dos caras e treme porque está os vendo na sua frente; e ao mesmo tempo você pensa "porra, como eu sou idiota, eles são pessoas como eu". E você pede pra tirar uma foto, e sim, uma foto é legal!, mas também é idiota. Uma foto com a minha mãe é, na essência, muita mais significativa do que uma foto com Nicolas Augustine McCarthy (embora eu tenha que admitir que a diferença básica é que o Nick eu pegaria, a minha mãe não).

E aí você conversa com o cara daquela outra banda, a menor, que vai abrir o show. E o cara é.. normal! É um cara normal que toca numa banda. Sabe aquele seu amigo que toca numa banda? Então. Coloque nele um sotaque britânico e, voilá, você tem Eddie Argos e sua trupe. E eles falam sobre as letras, comem batatas, perguntam se você gosta do som da guitarra deles, param amúsica pra acrescentar diálogos do Jay-Z e dizerem que se alguém que você gostaria que estivesse com você não estiver, é porque não é pra estar (uh?).

Aí eu, no meio do show, olho praquilo tudo - praqueles caras tocando de forma incrível, cantando coisas engraçadas, e penso de uma forma incrivelmente verdadeira - "Porra. Thats what im talking about, man!"

Brincadeira..

E penso: "Shite, é isso que eu quero pro resto da minha vida!"

E, droga! Que coisa pequena pra querer pro resto da vida. E afinal.. O que é que eu quero pro resto da vida? Assistir uma banda dessa? Um namorado desse? Um amigo engraçado assim pra conversar? Um lugar onde tenha um monte de pessoas que fale assim e se vista assim? Conhecer esses caras e virar amiga deles e escrever sobre eles?

E no final, todas essas coisas parecem pequenas. E eu me deprimo, porque sei que quando eu pensei que era isso que eu queria pro resto da vida, eu estava falando sério. então eu realmente quero pra minha vida algo que é realmente pequeno e que eu nem sei direito o que é.

E eu peguei uma palheta; não significa muito pra mim, mas uma menina lá tava querendo dar uma grana nela. Não vendi, claro.

Conclusões finais..:

1. A gente sempre sai dos shows fodas meio deslumbrado, mesmo. É normal que no momento eu só ache que serei feliz se casar com Alex Kapranos; depois do Pearl Jam, me senti da mesma forma com Mike McCready. Passa.

2. Os rockstars também podem ser muito legais. Os Art Brut e os Franz são ótimos.

3. Quero ser fotógrafa de shows de rock, pro resto da minha vida.. Na verdade, no fim, pareceu mais legal ter tirado aquelas fotos incríveis do que ter assistido ao show.

4. Os shows foram ambos incríveis. Assisti a alguns shows na minha vida, não dá pra me exibir porque são poucos. Mas tirando o Pearl Jam, que por razões óbvias foi meu preferido, nunca vi, nem pela TV nem ao vivo, nada igual àquilo que eu vi na noite de sábado pra domingo. Não me emocionei como me emocionei no Pearl Jam, mas foi muuuito mais.. energético.

De forma geral, me dei conta que eu preciso de amigos que gostem das mesmas coisas que eu. E que eu sempre me atraso pro trabalho quando resolvo postar no blog.

De zero a dez, quanto esse post ganha? :/
Não consegui expressar o que tava querendo dizer.. Ainda não saiu, embora eu não saiba exatamente o que é. Mas pelo menos eu tentei.

http://www.flickr.com/photos/anabsf

As fotos..

Ana Paula Freitas at 10:46 AM


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