terça-feira, julho 04, 2006
Shite. Never felt so miserable and so empty. O que eu tenho no fim das contas? Se só posso contar com um blog pra poder falar das coisas quando eu to.. hopelessly miserable, pela falta de melhores palavras no meu belo idioma.
Não tenho nada. E minhas tardes são vazias e eu percebo que eu só não surto no dia-a-dia porque me ocupo com as coisas: me ocupo com o trabalho e me ocupo com a faculdade.. queria me ocupar com outras coisas, mais legais talvez, ou mais agradáveis. O problema é que se eu olhar minha vida assim, de cima, eu percebo que o problema é.. comigo. Ou sei lá. Não mudou nada na minha vida de cinco dias pra cá; ainda assim, há cinco dias eu não estava tão.. down. Não é nada novo, nada que eu não tenha sentido antes.. Mas a cada dia que passa e a cada coisa que acontece, eu vejo o quanto eu não pertenço a esse lugar, o quanto as coisas não são como deveriam ser - e quem sou eu pra dizer como elas deveriam ser? A gente assiste aqueles filmes que no final tudo dá certo e é tão bonito, e sabe porque eles existem??? Pra gente achar que pelo menos de alguma forma aconteçam coisas felizes e que dêem certo. Porque de verdade nada acontece como acontece na fantasia. Nada. É tudo mentira.
E se eu quisesse agora ligar pra alguém pra poder chorar durante horas eu não teria ninguém com quem fazer isso. Porra, eu tenho grandes pessoas ao meu lado das quais eu realmente gosto, parece que tá sendo meio estranho pra me libertar dos meus antigos amigos e move on, deixar que essas pessoas novas definitivamente entrem na minha vida. Mesmo assim eu vou permitir, mas isso é algo que toma tempo. Leva tempo até você ser cúmplice de alguém de uma maneira completa, leva tempo até você achar um amigo que te entenda com o olhar e que você entenda com o olhar. Eu não posso simplesmente ligar pras pessoas e falar dos meus problemas até porque.. eu não deveria falar deles.. Eu deveria ter amigos que pudessem entender o que tá acontecendo só de me observar durante uns minutos.
Não é só o ócio que me arrasta de volta pra depressão e pra essa ansiedade de não-sei-oquê. É outro sentimento que é na verdade, por acaso, desencadeado pelo ócio: o de solidão. O de total ausência de qualquer coisa realmente válida. Nessas horas eu entendo que fodam-se todas as coisas plásticas que eu tenho, e nessa hora que eu entendo realmente, sem clichê nem nada que nada do que é posse realmente importa. O que importa são as coisas que você tem que ninguém pode tirar de você. Tipo as suas experiências, tipo aqueles momentos com as pessoas ou a pessoa. Aquelas coisas boas de lembrar. De repente todas as coisas com as quais eu me importo parecem ridículas e me vem a mente coisas com as quais eu realmente devo me importar - e nenhuma delas pode ser tocada.
E no final eu só tenho mais raiva de mim mesma, porque fico pensando que eu não deveria estar reclamando, que eu tenho um monte de amigos. Que tudo isso é uma besteira da minha cabeça pra eu ou pros outros terem pena de mim.. E isso me deixa com mais raiva e é cíclico. Droga, acho que eu nunca me expus tanto.. E isso também me deixa com raiva.
De tempos em tempos eu passo por isso, e sempre passa e volta um pouco pior na vez seguinte. Independente daquilo que tenho ou não na vida, sempre volta. E aí passa, sempre nas seguintes circunstâncias: alguma pessoa que se mostra adoravelmente amiga e próxima, por coincidência um ou dois dias depois de uma crise dessas. Sempre por coincidência. Não estou... sendo ingrata com as pessoas das quais eu gosto, os alguns amigos que tenho e que sei que tem carinho por mim. Não é isso, é só que.. eu simplesmente sinto essas coisas e eu precisava falar ou eu ia explodir. Não é que as pessoas com quem tenho uma amizade, mesmo que nada muito profundo e sólido, sejam.. maus amigos e não estejam fazendo seu papel. É que.. todos meus velhos e sólidos amigos, eu não os tenho mais. E os novos ainda não são tão próximos pra compreender certas coisas da minha cabeça.. fico com medo até que eles se afastem diante de tamanha perturbação. Eu me assustaria.
Mas como vocês podem notar tão claramente ao ler esse texto - quero dizer, eu não entendo, minha cabeça está muito muito cheia de coisas e extremamente confusa agora, mas pras pessoas que vêem de fora deve estar claro - o problema é provavelmente.. eu. Ou não, sei lá, só to tentando achar uma explicação.
Ana Paula Freitas at
5:29 PM