sábado, julho 22, 2006

Martin Luther King Syndrome

Eu tive um sonho e nele tudo era diferente. No meu sonho o mundo era mais etéreo, menos palpável e mais surreal mas de uma maneira até plausível, e algo diferente corria no meu sangue, eu não sabia o que era mas corria. E esse algo diferente fazia com que eu visse o mundo como ele deve ser visto: com olhos de criança, ou seja, como se você o estivesse vendo pela primeira vez. Mas de uma forma muito intensa e real. Quando eu tinha 10 anos eu li "O Mundo de Sofia" e eu aprendi que a gente tem que se surpreender com tudo, porque o mundo deve ser visto assim. Eu devo ter aprendido mesmo; dizem que o que causa humor é o inusitado e eu dou risada de várias coisas das quais a maioria das pessoas não ri. Entenderam o raciocínio?

Pois bem, no sonho aquilo que corria no meu sangue fez com que todas as sensações se intensificassem, se tornassem mil; uma risada eram 100, um toque permanecia lá, uma tristeza ou uma preocupação se tornavam a grande ruína da vida - mas isso no meu sangue também me fazia esquecer tudo muito rápido então não tinha problema. Também, as coisas super complicadas do mundo e da vida ficavam mais complicadas, e as coisas fáceis ficavam muito mais simples. E eu via as pessoas e via mais do que o corpo delas, a figura delas; eu conseguia ver o que elas eram realmente, se era bom ficar perto delas ou não. Um ambiente ganhava uma significação absurda, como se eu pudesse sentir todas as energias de tudo que jápassou por ali, tudo que já aconteceu naquele lugar. E eu poderia vir aqui nesse blog e falar de tudo que eu passei na semana, tudo que eu passei na minha vida. Poderia falar das coisas que vi nas viagens de ônibus; das coisas que vivi e percebi e realizei. Mas eu resolvi falar de um sonho, que nem é verdade; é uma coisa que eu inventei e representa a metáfora de uma coisa muito maior e muito mais bonita mas a liberdade de expressão não existe então eu tranformo ela em poesia e faço como os músicos faziam durante a ditadura.

Esse negócio de "I have a dream" eu chamei de Martin Luther King Syndrome. Que tal?

Ana Paula Freitas at 11:34 AM


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