quarta-feira, junho 28, 2006

If we were freckless we'd be fine

Você já conheceu alguém cujo olhar fosse tão intenso que fosse impossível manter contato visual por muito tempo? Que o olhar dessa pessoa fosse tão penetrante que você tivesse a impressão que estava sendo despido, que ela pudesse enxergar você de forma tão transparente? E que ao mesmo tempo essa pessoa se mostrasse inteira no olhar; você sem dúvida saberia quando ela estivesse mentindo, ou estivesse triste, ou brava, ou alta. O olhar dela a denunciaria. Você já conheceu alguém assim?

Eu conheci umas três pessoas assim. Uma delas se chama Eddie Vedder e é o vocalista do Pearl Jam, que eu chamo de minha banda preferida pelo incrível significado que teve pra mim. Sim, música pode mudar as pessoas. E essas pessoas são as mais legais de conhecer. E eu tento ser como elas até onde é possível que eu seja. Eu olho profundamente nos olhos de todos aqueles que converso.. As vezes encontro uma pessoa que como eu também olha nos olhos e é difícil sustentar o olhar. Mas eu estou me esmerando na habilidade de ser sempre o mais transparnte possível. Todo mundo deve achar isso tão besta mas eu acho isso uma das coisas mais incríveis que você pode fazer pra outra pessoa. Demonstra respeito, interesse, e demonstra que você está de inteiro ali. Só que isso acarreta sérios problemas pra mim porque eu não sou capaz de fingir nada. Não sou capaz de fingir felicidade nem tristeza; nem posso fingir que estou brava se não estiver, nem que estou satisfeita se não estiver. Eu nunca sorrio if I dont really mean it. Nunca choro se não for verdadeiro, não abraço ninguém que eu não goste realmente. Também não digo "eu te amo" praqueles que eu não amo realmente. As vezes é ruim; por exemplo, no trabalho, onde eu tenho que fingir que gosto de algumas pessoas.. Eu não consigo. Não consigo sequer sorrir pra essas pessoas. Mas no geral eu gosto de ser assim. Eu acabo sendo uma só com todo mundo, em todos os ambientes. Isso é agradável pra mim e pros outros. Eu percebo que os melhores posts (foda-se a modéstia) saem quando eu estou meio perturbada; eu andei meio perturbada esses dias. Total crise existencial do tipo "tudo isso vale a pena?", profissional ("vou estudar quatro anos pra ganhar pouco e trabalhar nos feriados"), fraternal. E essa última foi a mais séria. Está sendo na realidade. Porque eu tô meio sem amigos. Po, sei lá, eu tenho amigos.. Mas as vezes faltam amigos pra compartilhar das minhas loucuras. Eu tenho uns pensamentos meio estranhos, não sei se só eu sou assim ou se todo mundo é mas a maioria tem vergonha de dizer. Eu gosto de discutir umas coisas improváveis. Gosto de ir no parque a tarde e ficar olhando as pessoas passarem ouvindo música, sentada na grama. Gosto de ler ficção, mas também gosto de ler sobre outras culturas. Acima de tudo, gosto de discutir coisas improváveis. Eu queria uns amigos pra discutir essas tais coisas esquisitas e improváveis. As vezes essas discussões envolvem breves exercícios de auto-pena mas passa, não é demagogia. Percebi que eu sou dispensável pra todos os amigos que eu tinha/tenho. Porque não sou tão próxima de ninguém a ponto de ser única e indispensável, eu costumava ser, mas a distância física implicou em distância.. total. E eu tento manter uns laços mas não dá. As vezes eu murmuro essas coisas estranhas pros meus atuais amigos, na esperança de compreensão. E eles olham com uma cara de "você tá louca?", e dizem "quê???" e eu desisto. Abaixo a cabeça e volto a falar.. daquilo que estávamos falando (Aí entra o exercício de auto-pena. Esse é da série "ninguém me entende!").

Eu tava zapeando dia desses e passei pelo programa da Luciana Gimenez, e tava lá a Tatiana Giordano, uma ex-big brother. Ex-big brother é meio decadente né? Porque ser big brother já não é grande coisa, ex-big brother é zuado demais. Mas então essa Tatiana disse que acredita que quando você quer alguma coisa você não deve ficar falando em voz alta, porque têm em volta da gente uns espíritos malignos que ouvem se você fala; e se eles ouvirem eles vão fazer de tudo pra que você não consiga seu objetivo. Minha mãe e meu pai sempre me disseram pra eu não contar as coisas pros outros antes delas acontecerem, porque traz azar e normalmente a coisa não dá certo, e eu sempre fui muito empolgada- na menor chance de algo legal acontecer eu, ingênua, saio contando pra todo mundo. Eu aprendi que em partes faz sentido. Mas pode funcionar de outro jeito também: um monte de gente que me conhece sabe que eu vou pra Europa. Porque eu conto pra elas. Mas eu conto porque eu coloco na minha cabeça a idéia de certeza. Se "eu vou", elas não podem impedir. Ninguém pode. Se eu "quero ir", ok, é diferente. Mas "eu vou" sendo repetido várias vezes grava no universo e depois volta pra mim; o universo é tipo um espelho. Sabiam? Isso é preceito do Budismo.

Acabei de, satisfatoriamente, descobrir as delícias de Futureheads, Death From Above 1979 e Revolver - dos Beatles, é! Mas só gostei mesmo mesmo de umas 4 músicas. Eleanor Rigby é transcedental.. Eu já conhecia de algum filme, but cant put a finger on it. Tenho muito mais pra falar mas to mais que atrasada. Outro dia eu volto neste mesmo horário, neste mesmo canal.

Ana Paula Freitas at 12:25 PM


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