quinta-feira, maio 18, 2006
I could be another clone..
Depois de um post vagabundo na segunda, no qual eu poderia sim ter escrito mais não fosse o pânico ter me impedido, volto aqui com coisas realmente relevantes (pra mim ao menos) pra postar.
Nunca achei que medo fosse palpável de alguma maneira. Quando saí de casa na segunda, ainda não sabia da onda de boatos que corriam. Estava "virgem" daquele fenômeno bizarro de milhões de informações desencontradas. E vocês podem não acreditar, mas senti algo meio estranho no ar mesmo assim. Até cheguei aqui na redação comentando. Mas não tem outra palavra, a sensação de pavor era tão grande que o ar pesado, era possível sentir, de uma forma meio estranha, mas todo mundo que já viveu uma situação parecida sabe ao que me refiro então não vou me alongar por aqui. Só acho que nunca vivi nada parecido, nunca achei que viveria nada parecido. E o fenômeno da boataria, que eu pude presenciar ontem durante a última aula (celulares tocando sem parar, cada mãe desesperada com uma história diferente e evidentemente, infundada - rimou) me surpreendeu.
Ah, a desprezível e superficial classe média brasileira. Não é o tipo de coisa que eu gosto de assumir, sou politicamente correta pra essa coisa de preconceito, mas.. Não é
pré-conceito, vejam bem. Odeio superficialidades. Pessoas que escolhem ser ignorantes. Elas não são ignorantes por falta de opção ou de oportunidade; são ignorantes porque, bem, porque nunca acharam conveniente serem um pouquinho mais.. elevadas. São cegas, não enchergam profundamente as coisas e também em seus sentimentos e pensamento e opiniões não são profundas, são rasas. Não são complexas, nem difíceis de entender, nem tem coisas incríveis pelas quais a gente se apaixone. São só
average people. Não porque não
podem ser acima da média; mas porque não
querem.
Eu nunca li um livro inteiro do Nietzsche, só comecei e nunca terminei, ou li contos ou trechos avulsos - mesma coisa com o Dostoiévski. Por falta de vergonha na cara, diga-se. Porque eu sempre tive vontade de ler. É o tipo de coisa que você lê e logo depois que leu coloca no Orkut que você leu, porque dá a entender que você é culto. Tenho um amigo que me zoa por causa disso. Eu não tenho essa pretensão de parecer culta ou algo assim, mas ele ironiza muito porque eu gosto de conversar sobre livros dos quais ele não gosta e de outras coisas que ele acha chatas. De qualquer maneira, eu dou risada com ele porque ele é um dos amigos mais legais que eu já pude arranjar e de, alguma maneira, ele está certo.
Voltando ao Nietzsche, o Marcelo, meu incrível professor de filosofia (
I have a couple of incredible teachers, mind you), chegou a mencionar bem rapidamente na sala de aula que Nietzche costumava dizer que o conhecimento é para os fracos, que surge da fraqueza. Vou colocar aqui da mesma maneira que ele colou. Lá, nos primórdios da civilização, os homens eram nômades. Porque os recursos acabavam e eles simplesmente não sabiam como renovar os recursos, então eles esgotavam uma região e partiam pra outra. Só que isso era uma constante e as regiões que proviam recursos para a sobrevivência foram acabando. Então os mais fortes iam pra essas regiões e os mais fracos eram expulsos por eles. E então os mais fracos tiveram que desenvolver o conhecimento necessário pra não precisar migrar, ou seja, pra renovar os recursos da área onde eles estejam. Aí surgiram as primeiras formas de agricultura.
Esse negócio de que o conhecimento só surge porque existe alguém que é de alguma forma fraco e ele, oprimido pelo cara forte, tente compensar sua fraqueza com o conhecimento, se aplica ainda hoje na maioria dos cenários sociais. Look around.
Corduroy é, sem dúvida um hino de libertação. Não é curioso como você pode ouvir uma música, a mesma música, durante anos, e um dia você acordar e ouvir essa música e por algum motivo, a partir dali, ela assume uma outra significação bem diferente e mais.. intensa?
Considerando que o post de hoje foi absolutamente homogêneo e ironicamente superficial, porque tocou de leve um monte de assuntos mas não aprofundou-se neles como eu deveria ter feito - oh, eu ainda o estou escrevendo, posso mudar isso, não posso? Quero dizer, sem fatalismos, não é o fim e eu ainda posso mudar. Ainda posso tornar esse post algo do que me orgulhar. E o melhor, ao contrário da vida, que infelizmente te força a ser muito mais imediato, esse post permite que você o edite depois. Você pode terminar e depois acrescentar outras coisas amanhã ou depois.
Ahn sim, me perdi. Chama-se digressão, o pioneiro nesse tipo de linguagem meio diferente foi Machado de Assis. Droga, de novo. Então,
considerando que o post de hoje foi absolutamente homogêneo e ironicamente superficial, finalizo com a frase da semana:
corra que a polícia vem aí.
Ana Paula Freitas at
4:24 PM