domingo, abril 23, 2006
I bet you look good on the dancefloor
Ontem eu realizei um sonho bizarro: andar na Paulista a pé, a noite, sem rumo, com uma garrafa de vinho na mão. Ok, nós tínhamos um rumo - era a DJ Club, um lugarzinho escondido numa ruazinha escondida pra baixo da Paulista, que toca música alternativa. O lugar não tem nenhuma indicação de que é uma balada; é daquele tipo que a gente não reconhece porque passa em frente, até porque fica numa rua totalmente residencial e de dia se confunde tranquilamente com uma casa normal. É do tipo que você conhece porque alguém te falou de "um lugarzinho.."
Aliás, numa roda desses lugares modernos, existe coisa mais incrível de você falar daquelas coisas super alternativas que só você conhece e mais ninguém? Tipo aquela banda, aquela balada, aquele restaurante, aquele livro.. Uma vez eu li um conto do Drummond sobre isso. Mas no caso dele, o que dava status era conhecer um restaurantezinho em Paris. Daquele mesmo tipo que só você conhece. Uma outra vez, li uma crônica que tem a ver. Era a história de um estudante de letras, ou de filosofia, ou de comunicação, que achou uma prainha perdida no litoral norte, um lugar maravilhoso, o paraíso na terra, que ninguém conhecia. E, no boca-a-boca, o lugar tornou-se um inferno de gente. Ficou uma bosta.
Anyway, acabou que não entramos da DJ Club porque a bonita aqui só fará 18 anos em 4 dias. O curioso é que eu já tinha ido lá, num dia em que o lugar estava bem vazio, e não pediram documento. Ontem estava bem cheio.. De qualquer maneira, fomos a um outro lugar, na Augusta, chamado Sarajevo. Não gostei. E tive a prova final de que beijar em balada é totalmente repulsivo - pra mim, é claro. Quero dizer, não nasci pra isso. Eu sou o paradoxo ambulante do liberalismo e do conservadorismo, tenho certeza disso. Mas foda-se, as coisas não são assim tão atreladas umas às outras e eu posso entender cada coisa de uma maneira diferente e ter uma opinião diferente pra cada uma.
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Quando o Mestre Faro (meu incrível professor de história contemporânea) me disse que "A Sangue Frio" era "melhor que beijo", eu não dei muita atenção. Mas o livro é
delicioso. O texto do Capote é profundamente viciante, é inebriante. É envolvente e mesmo com as descrições minuciosas não se torna chato, nem previsível, nem nada a mais do que deveria ser. O livro tem tudo na medida certa, como um bom livro deve ter, tudo dosado incrivelmente bem.
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No feriado-fim-de-semana eu assisti a alguns filmes:
Anjos Rebeldes, uma história apocalíptica-armaggedom que lembra vagamente Constantine mas que foi feito muito antes; (
Sinopse: Quando Deus cria os homens e lhes dá alma, alguns anjos têm ciúmes dos seres humanos e se voltam contra Ele. Dessa maneira, inicia-se no céu uma segunda guerra [a primeira foi aquela que ocasionou a queda de Lúcifer] onde uma horda de anjos, liderados por Gabriel e cheios de ciúmes dos seres humanos, lutam contra os anjos que não se voltaram contra Deus e ainda seguem Suas ordens. O filme é uma trilogia e eu só assisti ao I)
Aí, assisti a
Crash (o vencedor do Oscar; bom, bom, mas acho que ainda não sou capaz de entendê-lo tão profundamente comoele deve ser entendido) e pela 89a vez, a
A outra História Americana. Bons filmes. Só faltou
Harry Potter pra fechar o feriadão com a bagagem cinematográfica imensamente maior.
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Odeio música eletrônica. Psy é uma bosta. House, techno, eletro, what-the-fuck, foda-se. Não gosto, é tudo a mesma merda e é tudo horrível. Não sei como aguentei aquela merda ontem. É engraçado, tem gente que simplesmente não se importa quando toca uma música da qual ela não gosta. Comigo não funciona. Do mesmo jeito que a boa música é capaz de provocar sensações incríveis e uma impressão que é boa, a música ruim me deixa com uma sensação ruim, me passa algo ruim. Eu preciso da mensagem. Meu irmão diz que "se você quiser mensagem, vá ler poesia". Faz sentido, mas eu não sou assim. Acho que a mensagem importa mais do que o conteúdo musical em si, já que odeio esses metais e progressivos virtuosos, de solos chatíssimos de 87 minutos do cara que toca 12 instrumentos - inclusive cítara - e é capaz de tirar um Dó com o pé. Foda-se. Não quero técnica, quero feeling. O que eu sinto na músicaé o que me importa. Anyway. O último CD do Pearl Jam é
foda. Altamente recomendável.
Ana Paula Freitas at
2:17 PM