domingo, novembro 06, 2005

I'm open. Come on in.

Um homem repousa em sua cama
num quarto sem porta.
Ele espera, ansiando por uma presença;
alguma coisa, qualquer coisa para entrar.
Depois de gaster metade de sua vida procurando,
ele ainda se sente tão vazio
quanto o firmamento para o qual ele estava olhando.
Ele está vivo, mas não sente absolutamente nada.
Então, ele é?
Quanto ele tinha seis, acreditava que
a lua acima de sua cabeça o seguia.
Aos nove, ele decifrou a ilusão,
trocando a magia pelo fato.
Sem voltar atrás.
Então isso é ser um adulto...
Se ele soubesse agora o que ele sabia outrora.
Estou aberto, entre.
Repousando ao lado de folhas de papel amassadas
e sem capas, ele decide sonhar.
Sonhar com um novo "ele" para ele mesmo.

Já passei por isso e passo quase sempre, tipo pelo menos uma vez por mês. O deitar na cama e olhar pro teto, e se sentir tão vazio, tão branco como o teto, isso eu sinto sempre. Eu passei alguns anos tendo preocupações que não tenho hoje, e isso eu compreendo, até porque cresci só um pouco mas mudei bastante nos últimos 3 anos. E eu olho a vida, e é exatamente como se eu olhasse o horizonte e lá no fim eu visse que é igual o que eu vejo aqui, que nada vai mudar só porque eu vou trabalhar, ou porque eu vou crescer, casar, sei lá.
O que eu sinto é isso, é que estou fadada a esse vazio eternamente, exatamente porque eu fui buscar mais do que aquilo que me ofereceram, e aí eu descobri que tudo isso que a gente vê, não é tão legal assim e não é nada verdade. E não adianta ser pretensiosa, e achar que eu por ser uma das poucas pessoas a notar isso, serei recompensada com um destino diferente, mais feliz. É EXATAMENTE o contrário. O conhecimento traz sofrimento, é justamente aquilo que te condena. Metaforicamente, funciona como um livro com um conteúdo absolutamente importante e crucial pra sua vida, mas que está amaldiçoado. Suas opções são: 1. Não abrir o livro com medo da maldição, e ficar pro resto da vida imaginando o que teria no livro. 2. Ligar o foda-se para a maldição e se convencer que o conteúdo do livro é bem mais importante do que ela.

Eu escolhi a opção dois, e portanto vivo assim. Não é exatamente ruim, eu sou feliz e tudo mais, mas vejo o mundo com olhos niilistas. Uma vez me falaram que eu era niilista, e tudo bem que a pessoa que me falou é absolutamente desprezível, mas infelizmente eu não pude esquecer isso, sei lá porque - talvez porque eu tenha concordado, e tal.

E como o cara da letra lá em cima, estou sempre aberta, esperando por aquilo que vai me fazer realmente feliz, mas que eu sei que nunca terei, porque é impossível ser feliz depois que você abre o livro. E o fato é que a escolha foi só minha.

Ana Paula Freitas at 11:51 AM


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